domingo, 11 de setembro de 2016

PSEUDO PRINCÍPIO DE AUTORIDADE E COMPLEXO DE ROTULAÇÃO

Syro Cabral de Oliveira

Ainda não sabemos, até hoje, a razão pela qual muitas pessoas conseguem absorver, com tanta facilidade, determinadas opiniões como absolutamente verdadeiras e universalmente válidas – sem sequer procurar verificar sua consistência em si mesma –, somente pelo fato de que alguém, que se colocou na qualidade de filósofo ou cientista, em um determinado momento da história da humanidade, ter tido exposto tais opiniões.

Ouvimos, por exemplo, algumas pessoas rotular outras que assumem, claramente, uma posição firme e consciente a favor de um determinado sistema ou, mais precisamente, do modo de produção capitalista, de “capitalista sem capital”, de “direitista” ou “conservador”, tal qual fosse condição essencial é ter capital para se se simpatizar com o modelo de produção capitalista.

O fato de alguém ter dito, em um determinado momento da história da humanidade, que capitalista é quem detém o capital, só pelo fato de, simplesmente, ter dito isto, não configura essencialmente, em hipótese alguma, uma verdade universalmente válida.

Ora, quem assim procede, faz certamente uma verdadeira confusão entre os verbos “ser” e “ter”. Ser capitalista não configura, por si só, ter capital, mas simplesmente passa-nos a ideia de que alguém se identifica com um certo modelo de produção que prima pela liberdade do homem, que valoriza o trabalho, a produtividade, o mérito, o desenvolvimento, a grandeza do ser humano, em uma única palavra, o aristocrata, obviamente, em seu sentido rigoroso, o homem bom, o nobre, o virtuoso, o magnânimo, quer dizer: o homem de alma grande, ou seja, aquele que se opõe, sem se titubear, ao homem humilde.

Assim, do mesmo modo que “ser flamenguista”, “ser vascaíno”, “ser fluminense”, “ser botafoguense”, não quer dizer que é ter o Flamengo, ter o Vasco, ter o Fluminense, ter o Botafogo; ser capitalista também não quer dizer, unicamente, em hipótese alguma, também, ter o capital, mas sim se identificar ou se simpatizar com esses times de futebol e, rigorosamente falando, com modo de produção capitalista, respectivamente.


Desse modo, estamos absolutamente certos de que as próprias pessoas, que se deixam levar, facilmente, por verdades arbitrárias, concordam, ainda assim, plenamente com essas últimas afirmações.

2 comentários:

  1. Não é pelo fato de que alguém rotula um determinado sistema, modo de vida, regras... Que este seja o "certo". As pessoas colocam verdades onde não há, pelo simples fato de que acharem que seria o "óbvio", mas o óbvio não é inteligente pois nem sempre é realmente a verdade.

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