quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A BUSCA DA LIBERDADE E A FUGA DO REGIME DE ESCRAVIDÃO DAS IDEIAS DOUTRINADORAS

Syro Cabral de Oliveira


Um dos grandes problemas que afetam o ser humano é, justamente, o princípio de doutrinação. Todo sistema que implica um certo fanatismo, crença ou fé não deixa de ser um sistema doutrinador. Nesse sentido, não conseguimos fazer a menor distinção entre política partidária, ciência e religião propriamente dita. Para nós, tudo isso, de um certo modo, é uma espécie de religião. Mencionamos religião aqui em seu sentido lato, ou seja, tudo aquilo que implica fé ou crença e que impede as pessoas enxergarem novos horizontes. Nesse sentido, os cientistas são tão religiosos quanto aos que se declaram convictamente religiosos. Por isso, optamos sempre pela liberdade, sobretudo, a liberdade de pensamento, pois, liberdade só existe, de fato, no âmbito do pensamento. Quando esse é cerceado, entra em seu lugar o regime de escravidão.


Pois bem, os filósofos, de um modo geral, possuem três características bem acentuadas e definidas: senso de humor, irreverência e ironia. Pode ser que uma dessas características sobressaia mais nesse ou naquele filósofo, mas todas elas são próprias dos filósofos. O senso de humor, a irreverência e a ironia são armas poderosas na transmissão da sabedoria, porque, essas atitudes têm por função despertar as pessoas de seu “sono dogmático”. Sócrates foi um grande exemplo de filósofo irônico; Diógenes, o filósofo das ruas, foi um exemplo típico de filósofo irreverente.


Assim sendo, podemos inferir que as pessoas que não carregam em si nenhum tipo de preconceito ou qualquer tipo de ideia preconcebida percebem, de imediato, que o mundo é constituído de horizontes inteiramente abertos e que o homem, em face desses horizontes, deve se comportar como um verdadeiro navegador, que está sempre singrando as águas da imensidão dos oceanos.


Logo, confrontar ideias é uma peculiaridade dos grandes homens, dos magnânimos, e, em virtude disso, percebemos que aprendemos não com árvores, madeiras, pedras, mas com outras pessoas. As outras pessoas, para nós, são como espelho. Conseguimos nos ver e, também, nos conscientizar de nossos erros a partir do momento em que estes últimos sejam-nos apontados. Se nós nos isolarmos e trincafiarmos unicamente em nossas pseudas verdades ou não permitirmos que as outras pessoas nos critiquem, vamos nos permanecer, a vida inteira, fechados em nosso mundinho, o qual não vai passar de uma verdadeira caverna. Isto por que, a discussão e o confronto das ideias são coisas pertinentes ao homem, pois é da natureza humana o embate de ideias. Mas, ao debater ideias, devemos atacá-las somente e não o seu autor. Quando isso acontece, ou seja, o ataque sair do âmbito das ideias e passar a visar o autor das mesmas e não o das ideias em si mesmas, a discussão cai, certamente, em um inteiro vazio. Normalmente, quando uma pessoa carece de bons argumentos, ela passa a atacar o autor da ideia e não propriamente a ideia em questão. E, em casos extremos, recorre até a força física. É o que chamamos, com toda convicção, de argumento ad hominem.


Mas, para que o homem possa realizar a sua essência em toda a sua inteireza e, consequentemente, elevar-se totalmente à primazia do seu poder de comunicação e de dialogação aos extremos, dever-se-ia privilegiar, acima de tudo, um real modelo de educação, que tivesse por objetivo último a sua inteira formação, isenta de quaisquer ideias arbitrárias e doutrinadoras. Construir uma Escola que mire a formação do ser humano em si mesmo e em toda sua plenitude seria, sem sombra de dúvida, reconhecer o homem na sua mais alta pureza e valorizá-lo como um ser distinto de todos os outros seres do globo terrestre.


Ora, uma educação de verdade não deve estar, em hipótese alguma, vinculada ou a serviço de qualquer tipo de partido político ou a qualquer outro tipo de partido que seja, religião, cor, raça ou sexo.


Uma educação de verdade tem por objetivo libertar o ser humano de todas as possíveis amarras que possam servir-lhe de entrave na vida.

Uma e
ducação de verdade tem por objetivo tornar o ser humano autônomo, senhor de seus próprios atos.

Uma e
ducação de verdade não quer, em hipótese alguma, tonar o homem um ser doutrinado, atrelado a um conjunto de ideias pré-elaboradas.


Uma educação de verdade quer um ser humano de mente aberta, pronto para entender e conceber novas ideias.


Como palavras derradeiras, não poderíamos deixar de afirmar que o marxismo, junto com os seus seguidores, foi e ainda é, infelizmente, responsável pelo princípio do atraso de grande parte da população mundial. E para tal, podemos concluir, ainda, também, com toda precisão – para que tudo fique muito claro –, que o marxismo não deixa de ser uma espécie de religião muito bem-sucedida entre os intelectuais. Se a religião é o ópio do povo, como afirmou o próprio Karl Marx, o marxismo é o ópio dos intelectuais, como diz, acertadamente, Raymond Aron.

7 comentários:

  1. Sim.
    Uma escola livre para nascer o conhecimento livre.

    O marxismo é prejudicial ao homem livre.
    O marxismo não contempla a própria natureza em sua forma natural.

    Engels não aceitava a condição humana em sua forma natural, ou seja, como ela é determinada pela Natureza.

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  2. Será que os dirigentes comunistas são realmente bem sucedidos?
    Vai depender do conceito e aceitação que se tenha sobre estar manipulando um povo e cerceando-o de outras idéias. Nessa posição - de dirigente- você estaria se sentindo bem? Ou bem sucedido?
    Coloco esta questão para concluir que o marxismo não é bom em qualquer instância.

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  3. Será que os dirigentes comunistas são realmente bem sucedidos?
    Vai depender do conceito e aceitação que se tenha sobre estar manipulando um povo e cerceando-o de outras idéias. Nessa posição - de dirigente- você estaria se sentindo bem? Ou bem sucedido?
    Coloco esta questão para concluir que o marxismo não é bom em qualquer instância.

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  4. Acho por isso que adoro os filósofos por sua maneira irreverente, pouco irônico e sem nenhum dogma "perfeito", aliás acho que todo fanatismo quer seja pela religião ou qqr outra coisa, está sujeito a RETROCESSO.

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  5. Só a liberdade não liberta o ser humano. É preciso consciência de seus atos, orientação e principalmente Educação ; para então, haver uma liberdade de ideias e cérebros libertos.

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