sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O VOTO NULO É A SOLUÇÃO

Syro Cabral de Oliveira


O voto nulo é a melhor solução para dar um basta e uma resposta racional ao atual sistema eleitoral brasileiro.

Eleger um candidato a um cargo político para, depois de eleito, agir contra os interesses do eleitor, no mínimo, é fazer de você, caro eleitor, um grande otário.

Todos os candidatos a cargos políticos, sem exceção, no Brasil, depois de eleitos, ao chegarem ao poder, se articulam entre si, independentemente de partidos, e agem contra você, caro eleitor. Fique atento e não espere, na inércia, tudo acontecer.

O PT, quando se encontrava no poder,
estava se articulando com os diversos partidos políticos e fazendo promessa de ratear os ganhos que ia obter, através da aprovação da CPMF, como se tratasse, simplesmente, de um cerco para apanhar cobiçadas caças ou cobiçados animais bravios, soltos nas selvas ou nas grandes pradarias, e dividi-los de modo proporcional.

No congresso nacional, os parlamentares aprovaram uma lei obrigando nas rodovias, sob pena de multa pelo não cumprimento, o uso dos faróis dos veículos automotores acesos durante o dia, simplesmente, com a finalidade de arrecadar mais dinheiro para os cofres do Estado. Agora mesmo, o governo atual editou uma Medida Provisória, alterando totalmente a grade curricular do Ensino Médio, sem sequer consultar a população. Tudo isso são pequenos exemplos de medidas arbitrárias contra a vontade, muitas vezes, dos eleitores, contrariando inteiramente todos os princípios da democracia. Infelizmente, a democracia aqui no Brasil só existe para o eleitor votar, uma vez o candidato eleito, faz o que quer em prol de sua própria vontade e do grupo, o qual ele se identifica.

Se de um lado, eles se unem, mesmo na condição de adversários políticos, de um outro lado, o povo, totalmente impotente, paga pelos roubos e a má administração da coisa pública.

Uma vez seus chamados representantes eleitos, lá
no poder, tratam você, caro eleitor, simplesmente, como presa fácil e indefesa, sujeita ao ataque das aves de rapina a qualquer momento e ao seu bel-prazer. Negociam entre si, fazem barganhas e contas, mostram quanto vai tocar para cada esfera da administração pública – federal, estadual e municipal –, tendo por base, antecipadamente, os ganhos que podem obter, através da aprovação de determinados impostos ou com a supressão de prestação de alguns serviços à sociedade. Assim, caro eleitor, o pagamento da CPMF, uma vez aprovada, de multas de trânsito e de outros impostos arbitrários, é você que fará, direto ou indiretamente, com o seu minguado dinheirinho suado.

No momento em que queriam aprovar a CPMF, t
entaram argumentar de que se tratava apenas de uma penalidade para os ricos.

MENTIRA. Mentira descarada.

Quem paga são os pobres, pessoas como você, caro eleitor.

Os ricos possuem meios para driblar o sistema bancário. Fazem pagamentos diretamente aos fornecedores, elevam os preços dos seus produtos para compensar a cobrança de impostos, de multas de trânsito, de reserva de dinheiro destinado a pagamento de propina para agilitar andamento de processos nos órgãos públicos, entre outras coisas, ao passo que você, caro eleitor, não tem saída alguma, pois todos os seus parcos rendimentos financeiros passam, obrigatoriamente, pelo banco e, além disso, paga mais caro pelos produtos consumidos e pelo uso dos transportes coletivos.

Conscientize-se, caro eleitor, de tudo isso e perceba que eles, depois de eleitos, se unem, no poder, contra você, caro eleitor. Eles são o seu VERDADEIRO inimigo. Pense nisso e aja logo.

Estamos à
s vésperas das eleições para os municípios. VOTO NULO NELES1.



1 Pode ser que haja alguém que queira nos objetar, afirmando que a lei eleitoral atual não prevê o voto nulo. A essas pessoas, responderemos: Nenhuma lei não pode estar acima da vontade dos homens. Se as pessoas conscientizarem-se – entenda-se, o eleitor –, e 80% dos eleitores anularem os seus votos, só restam 20% de votos válidos para serem distribuídos entre os candidatos. Nesse sentido, o candidato eleito perde totalmente sua credibilidade. Nem precisamos de  ir muito longe. Basta atentarmos para o caso da ex-presidente Dilma Rousseff, que teve um pouco mais de 50% dos votos válidos, mas somente de uma parte do país. Por conta disso, sofreu duras consequências. Além do mais, a proposta do voto nulo não é nada mais do que uma forma, inteligente, de protesto.



quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A BUSCA DA LIBERDADE E A FUGA DO REGIME DE ESCRAVIDÃO DAS IDEIAS DOUTRINADORAS

Syro Cabral de Oliveira


Um dos grandes problemas que afetam o ser humano é, justamente, o princípio de doutrinação. Todo sistema que implica um certo fanatismo, crença ou fé não deixa de ser um sistema doutrinador. Nesse sentido, não conseguimos fazer a menor distinção entre política partidária, ciência e religião propriamente dita. Para nós, tudo isso, de um certo modo, é uma espécie de religião. Mencionamos religião aqui em seu sentido lato, ou seja, tudo aquilo que implica fé ou crença e que impede as pessoas enxergarem novos horizontes. Nesse sentido, os cientistas são tão religiosos quanto aos que se declaram convictamente religiosos. Por isso, optamos sempre pela liberdade, sobretudo, a liberdade de pensamento, pois, liberdade só existe, de fato, no âmbito do pensamento. Quando esse é cerceado, entra em seu lugar o regime de escravidão.


Pois bem, os filósofos, de um modo geral, possuem três características bem acentuadas e definidas: senso de humor, irreverência e ironia. Pode ser que uma dessas características sobressaia mais nesse ou naquele filósofo, mas todas elas são próprias dos filósofos. O senso de humor, a irreverência e a ironia são armas poderosas na transmissão da sabedoria, porque, essas atitudes têm por função despertar as pessoas de seu “sono dogmático”. Sócrates foi um grande exemplo de filósofo irônico; Diógenes, o filósofo das ruas, foi um exemplo típico de filósofo irreverente.


Assim sendo, podemos inferir que as pessoas que não carregam em si nenhum tipo de preconceito ou qualquer tipo de ideia preconcebida percebem, de imediato, que o mundo é constituído de horizontes inteiramente abertos e que o homem, em face desses horizontes, deve se comportar como um verdadeiro navegador, que está sempre singrando as águas da imensidão dos oceanos.


Logo, confrontar ideias é uma peculiaridade dos grandes homens, dos magnânimos, e, em virtude disso, percebemos que aprendemos não com árvores, madeiras, pedras, mas com outras pessoas. As outras pessoas, para nós, são como espelho. Conseguimos nos ver e, também, nos conscientizar de nossos erros a partir do momento em que estes últimos sejam-nos apontados. Se nós nos isolarmos e trincafiarmos unicamente em nossas pseudas verdades ou não permitirmos que as outras pessoas nos critiquem, vamos nos permanecer, a vida inteira, fechados em nosso mundinho, o qual não vai passar de uma verdadeira caverna. Isto por que, a discussão e o confronto das ideias são coisas pertinentes ao homem, pois é da natureza humana o embate de ideias. Mas, ao debater ideias, devemos atacá-las somente e não o seu autor. Quando isso acontece, ou seja, o ataque sair do âmbito das ideias e passar a visar o autor das mesmas e não o das ideias em si mesmas, a discussão cai, certamente, em um inteiro vazio. Normalmente, quando uma pessoa carece de bons argumentos, ela passa a atacar o autor da ideia e não propriamente a ideia em questão. E, em casos extremos, recorre até a força física. É o que chamamos, com toda convicção, de argumento ad hominem.


Mas, para que o homem possa realizar a sua essência em toda a sua inteireza e, consequentemente, elevar-se totalmente à primazia do seu poder de comunicação e de dialogação aos extremos, dever-se-ia privilegiar, acima de tudo, um real modelo de educação, que tivesse por objetivo último a sua inteira formação, isenta de quaisquer ideias arbitrárias e doutrinadoras. Construir uma Escola que mire a formação do ser humano em si mesmo e em toda sua plenitude seria, sem sombra de dúvida, reconhecer o homem na sua mais alta pureza e valorizá-lo como um ser distinto de todos os outros seres do globo terrestre.


Ora, uma educação de verdade não deve estar, em hipótese alguma, vinculada ou a serviço de qualquer tipo de partido político ou a qualquer outro tipo de partido que seja, religião, cor, raça ou sexo.


Uma educação de verdade tem por objetivo libertar o ser humano de todas as possíveis amarras que possam servir-lhe de entrave na vida.

Uma e
ducação de verdade tem por objetivo tornar o ser humano autônomo, senhor de seus próprios atos.

Uma e
ducação de verdade não quer, em hipótese alguma, tonar o homem um ser doutrinado, atrelado a um conjunto de ideias pré-elaboradas.


Uma educação de verdade quer um ser humano de mente aberta, pronto para entender e conceber novas ideias.


Como palavras derradeiras, não poderíamos deixar de afirmar que o marxismo, junto com os seus seguidores, foi e ainda é, infelizmente, responsável pelo princípio do atraso de grande parte da população mundial. E para tal, podemos concluir, ainda, também, com toda precisão – para que tudo fique muito claro –, que o marxismo não deixa de ser uma espécie de religião muito bem-sucedida entre os intelectuais. Se a religião é o ópio do povo, como afirmou o próprio Karl Marx, o marxismo é o ópio dos intelectuais, como diz, acertadamente, Raymond Aron.

domingo, 11 de setembro de 2016

PSEUDO PRINCÍPIO DE AUTORIDADE E COMPLEXO DE ROTULAÇÃO

Syro Cabral de Oliveira

Ainda não sabemos, até hoje, a razão pela qual muitas pessoas conseguem absorver, com tanta facilidade, determinadas opiniões como absolutamente verdadeiras e universalmente válidas – sem sequer procurar verificar sua consistência em si mesma –, somente pelo fato de que alguém, que se colocou na qualidade de filósofo ou cientista, em um determinado momento da história da humanidade, ter tido exposto tais opiniões.

Ouvimos, por exemplo, algumas pessoas rotular outras que assumem, claramente, uma posição firme e consciente a favor de um determinado sistema ou, mais precisamente, do modo de produção capitalista, de “capitalista sem capital”, de “direitista” ou “conservador”, tal qual fosse condição essencial é ter capital para se se simpatizar com o modelo de produção capitalista.

O fato de alguém ter dito, em um determinado momento da história da humanidade, que capitalista é quem detém o capital, só pelo fato de, simplesmente, ter dito isto, não configura essencialmente, em hipótese alguma, uma verdade universalmente válida.

Ora, quem assim procede, faz certamente uma verdadeira confusão entre os verbos “ser” e “ter”. Ser capitalista não configura, por si só, ter capital, mas simplesmente passa-nos a ideia de que alguém se identifica com um certo modelo de produção que prima pela liberdade do homem, que valoriza o trabalho, a produtividade, o mérito, o desenvolvimento, a grandeza do ser humano, em uma única palavra, o aristocrata, obviamente, em seu sentido rigoroso, o homem bom, o nobre, o virtuoso, o magnânimo, quer dizer: o homem de alma grande, ou seja, aquele que se opõe, sem se titubear, ao homem humilde.

Assim, do mesmo modo que “ser flamenguista”, “ser vascaíno”, “ser fluminense”, “ser botafoguense”, não quer dizer que é ter o Flamengo, ter o Vasco, ter o Fluminense, ter o Botafogo; ser capitalista também não quer dizer, unicamente, em hipótese alguma, também, ter o capital, mas sim se identificar ou se simpatizar com esses times de futebol e, rigorosamente falando, com modo de produção capitalista, respectivamente.


Desse modo, estamos absolutamente certos de que as próprias pessoas, que se deixam levar, facilmente, por verdades arbitrárias, concordam, ainda assim, plenamente com essas últimas afirmações.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O PRIMADO DE UMA EDUCAÇÃO POLÍTICA

 Syro Cabral de Oliveira

Em um país, cujo povo, em que sua maioria esmagadora, não consegue distinguir, com clareza, uma forma de governo de um modo de produção, não possui, infelizmente, a menor condição de escolher os seus governantes. Esse povo, na realidade, é sempre governado por uma forma de opressão disfarçada. Vive, simplesmente, uma ditadura sem que dela tenha plena consciência. Sua liberdade se resume a apenas em determinados períodos, ou seja, nos períodos de eleições, momento em que ele se encontra inteiramente livre para escolher os seus representantes. Uma vez estes escolhidos, tal povo volta logo para o seu estado anterior, sem qualquer direito de tirá-los do poder, mesmo que, na prática, esses tais representantes eleitos não venham cumprir com que prometeram em campanha.

Infelizmente, depois de eleitos, esses homens, denominados de seus representantes, se assenhoram do poder como se este se tornasse a sua verdadeira propriedade. Governam os municípios, os estados da federação e o país inteiro de acordo com o seu bel-prazer e sua vontade pessoal, sem dar qualquer satisfação aos seus eleitores. De período em período, cada grupo que chega ao poder, governa à sua maneira, sem necessidade de seguir um princípio norteador do supremo ideal do país.

No Congresso Nacional elaboram leis em prol de determinados grupos e em conveniência com os seus próprios interesses e as promulgam, sem que os seus eleitores ao menos sejam ouvidos.

Diante de suas ações, o povo se comporta como simples espectadores em uma plateia, só assistindo aos atores decidindo por ele. Mesmo que as decisões não sejam do seu agrado, é obrigado a concordar, pois nada pode fazer. Tal modo de agir é absolutamente estranho a uma verdadeira democracia, visto que, nessa referida forma de governo, toda decisão deve emanar diretamente do povo.

Assim sendo, nas atuais democracias, o cenário é de uma grande e lastimável decepção, pois as pessoas do povo veem-se completamente impotentes e despidas de suas próprias vontades em face das decisões que têm por objetivo nortear a vida coletiva. O povo se sente inteiramente à parte e alheio em relação aos afazeres públicos, a ponto de se referir aos homens que se encontram no poder simplesmente pelo termo “eles”. Assim, se ouvem, no dia a dia, quando está a se referir aos governantes: “São eles que decidem”, “São eles que fazem”, “Eles que são responsáveis por isso”, “Isso é com eles”, “São eles que devem resolver” etc., como se houvesse, na prática, um Estado à parte, o que é absolutamente contrário a um Estado bem governado. "Quanto melhor estiver o Estado constituído, tanto mais os negócios públicos prevalecerão sobre os particulares no espírito dos cidadãos. Chega mesmo a haver muito menor número de negócios privados, porque a soma de felicidade comum fornece maior porção à felicidade de cada indivíduo, de modo que menos lhe resta a procurar em suas ocupações particulares. Numa cidade, bem dirigida, todos votam nas assembleias; sob um mau governo, ninguém aprecia dar um passo para isso fazer, porque ninguém se toma de interesse pelo que se faz, prevendo que a vontade geral não prevalecerá, e porque, enfim, os cuidados particulares tudo absorvem. As boas leis permitem que se façam outras melhores; as más conduzem às piores. Tão logo diga alguém, referindo-se aos assuntos do Estado, que me importo? pode-se ter a certeza de que o Estado está perdido.

0 entibiamento do amor à pátria, a atividade do interesse privado, a imensidade dos Estados, as conquistas, os abusos do governo, fizeram imaginar a criação de deputados ou representantes do povo nas assembleias da nação. E a isso que, em certos países, se ousa chamar de terceiro estado. Assim, o interesse particular de duas ordens é posto no primeiro e no segundo plano; o interesse público é relegado ao terceiro", afirma Jean-Jacques Rousseau em O Contrato social.
Renan Calheiros vota contra a inelegibilidade de Dilma Rousseff

Qualquer pessoa, ao assistir, com toda a atenção, a uma seção do Congresso Nacional, com o propósito de se decidir acerca dos assuntos relativos aos interesses coletivos, sente-se inteiramente indignada e enojada ao ver um pequeno grupo de homens – ou mesmo, um único homem  aprovando ou rejeitando, de acordo com as suas próprias conveniências, assuntos que dizem respeito a vida coletiva do país e que jamais poderiam ser resolvidos apenas por um determinado grupo de pessoas que se diz representar a vontade da nação inteira. Neste contexto, faz-se necessária, urgentemente, no país, uma educação política, inteiramente desassociada de princípios ideológicos, que leve, cada cidadão, a ter plena e inteira consciência da sua importância e de seu papel nas decisões coletivas.

Enquanto se toma uma grande parte do tempo dos alunos das escolas de ensino médio com uma série de disciplinas que são absolutamente inúteis para o seu dia a dia, dever-se-ia direcionar o foco desta fase de ensino para uma real formação do ser humano como um todo. Neste aspecto, dever-se-ia, então, centrar, sobretudo, em disciplinas que têm por objetivo último o desenvolvimento do homem como um ser pensante e consciente de seu próprio dever e de sua responsabilidade, não só no que se diz respeito ao seu progresso pessoal e ao do seu país, mas também no que se refere ao seu próprio atraso e, igualmente, ao de seu país.


Dever-se-ia fazer com que, além disso, o homem se conscientize de que as questões relativas ao bem e ao mal não advêm do seu exterior, mas do seu próprio interior e que ele compreenda, também, que a sua felicidade depende, exclusivamente, de suas próprias ações. Logo, uma boa educação teria que, acima de tudo, primar por objetivos que não só tornem o homem um ser completamente responsável pelos seus atos e pelo que acontece ao seu redor, mas também um ser que se torne inteiramente capaz de contribuir para mudar ou alterar o curso de todos os acontecimentos que dizem respeito à sua própria vida e à da vida coletiva.